Activistas angolanos anunciaram uma marcha nacional
de protesto contra o recente aumento dos preços dos combustíveis e dos
transportes públicos no país. A manifestação, agendada para este sábado, 12 de Julho, em Luanda, visa
mobilizar a sociedade civil contra as medidas governamentais que, segundo os
organizadores, penalizam a população.
A Sociedade
Civil Contestatária e a Unidade
Nacional para Total Revolução de Angola (UNTRA) são as principais
impulsionadoras da marcha, que tem sido amplamente divulgada nas redes sociais.
“Quem cala consente, quem marcha
transforma” é um dos lemas que ecoa entre os ativistas.
A concentração está marcada para a frente do Mercado de São Paulo, de onde os
manifestantes seguirão em direção à sede da Assembleia Nacional. Serrote José
de Oliveira, mais conhecido como “General Nila”, coordenador da UNTRA, explicou
à Lusa que o protesto repudia o aumento do gasóleo e a previsão de subida da
gasolina para 1.000 até setembro.
“É uma atitude que nós repudiamos e vamos à rua
para dizer que não aceitamos essa medida”, afirmou “General Nila”, criticando
as políticas públicas do Governo que afetam negativamente a vida dos cidadãos.
O activista alertou que esta é apenas a primeira de uma série de manifestações,
com uma nova ação já programada para o dia 9 de agosto.
A marcha já foi devidamente comunicada ao Governo
Provincial de Luanda (GPL) e ao Comando Provincial da Polícia Nacional.
“General Nila” instou a população a participar, afirmando que “Angola está de
luto” devido ao custo de vida elevado.
O activista destacou o aumento do preço dos táxis
para 300 por viagem como um
fardo insuportável para muitos angolanos. “Conforme o João Lourenço está a
governar o país, é porque o cidadão angolano aceitou ser escravo, mas é preciso
nos levantarmos e discutir os nossos direitos”, defendeu, criticando também a
oposição política, que considera "dominada pelo regime que governa".
A marcha de repúdio, conforme nota enviada às
autoridades, seguirá do Largo do Mercado de São Paulo até ao Largo da Maianga,
a cerca de 200 metros da sede do parlamento. Historicamente, protestos em
Luanda têm enfrentado repressão policial.
O movimento de contestação não se restringe à
capital. Publicações nas redes sociais indicam que a marcha está sendo
convocada em diversas províncias do país e conta com o apoio de dirigentes de
partidos políticos como o Bloco Democrático e o PRA-JA Servir Angola.
As novas tarifas de transporte entraram em vigor na
última segunda-feira, dia 8 de julho, com os táxis colectivos (“candongueiros”)
a custar 300 kwanzas por viagem e os autocarros urbanos 200 kwanzas (0,19
euros). Essa medida é consequência direta do aumento do preço do gasóleo, que
passou de 300 para 400 kwanzas por litro a partir de 4 de julho, como parte da
política de retirada progressiva dos subsídios aos combustíveis implementada
pelo Governo.
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